Precisamos tirar o Lobby Mau das sombras
Entretanto, pouco se comenta sobre o outro lado do lobby. Quando grupos, movimentos e organizações sociais se organizam em prol de uma causa comum, de interesse público, trazendo à tona demandas coletivas, melhorando propostas, isso também pode ser chamado de lobby ou de advocacy.
Um exemplo foi a mobilização de mulheres e meninas pela dignidade menstrual, que em março deste ano acionou parlamentares para tornar obrigação do Estado fornecer absorventes menstruais para mulheres e meninas de baixa renda e em situação de rua. Estima-se que 11,3 milhões de brasileiras são afetadas diretamente pela pobreza menstrual, o que faz com que esta carência seja algo coletivo, que deve ser foco de políticas públicas. Como resultado dessa mobilização de diversas mulheres, o Congresso confirmou, na íntegra, o conteúdo da Lei nº 14.214, de 6 de outubro de 2021, que institui o Programa de Proteção e Promoção da Saúde Menstrual.
Outro exemplo foi quando diversos povos indígenas se uniram para uma grande paralisação em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF), na ocasião dos julgamentos do Marco Temporal. Estava sendo examinada uma proposta que reduzia a possibilidade de demarcação de terras indígenas e previa a retirada de direitos sociais dessa população adquiridos há décadas. A mobilização foi organizada pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e foram realizadas reuniões com parlamentares no Congresso Nacional e ainda com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) com cerca de 150 indígenas de seis etnias.
Ou seja, lobby é um dos nomes que se dá à defesa de interesses, que pode ser de cunho social, democrático, coletivo, que abrange uma grande parcela da sociedade visando o bem comum.
Ou podem ser interesses privados comerciais, eleitoreiros, econômicos, que favorecerem pequenos grupos e uma parcela muito pequena da sociedade, mas que detém grande poder de influência política baseado em grande poder econômico.
Nesse sentido, os cidadãos e cidadãs têm um papel fundamental, pois a participação de cada um não pode se dar apenas nas eleições, mas também no envolvimento de cada um e cada uma com o entorno que nos cerca e na organização para defender as demandas coletivas dos nossos territórios junto aos representantes eleitos, nos municípios, nos estados, ou no nível federal. Ou seja, o povo pode e deve participar do poder que emana dele.
Não fosse o olhar vigilante e ação incansável dos diversos grupos de pressão que atuam em Brasília, ainda mais projetos seriam aprovados sem que a sociedade se desse conta do prejuízo que poderiam causar aos cofres públicos, ao nosso sistema educacional, de saúde ou até mesmo a nós próprios.
Saiba mais
Quem tem medo do lobby mau?
jota.info
Lobby
UOL
Vídeos